"Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" – A Redenção que a Marvel e os Fãs Esperavam!

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CINEMA E TV

Roberto Yamamoto

7/25/20258 min read

Finalmente, a espera por um grande filme da Marvel digno de "Ultimato" parece ter chegado ao fim com "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos". Este filme não apenas entrega a escala épica e a profundidade emocional que esperamos dos grandes eventos da Marvel, mas o faz com uma sensibilidade que honra a essência de seus personagens. Embora tenhamos tido gratas surpresas como os filmes do "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa", que souberam equilibrar ação e coração, e o aguardado "Deadpool & Wolverine" com sua irreverência característica, o novo filme do Quarteto é, para um fã como eu, simplesmente maravilhoso. E posso afirmar isso não como um especialista, mas com a emoção genuína de quem acompanha a jornada desses heróis desde as páginas dos quadrinhos.

A Experiência Visual e as Atuações de Gala: Um Novo Padrão para o MCU

Do ponto de vista técnico, a qualidade dos efeitos visuais está impecável, estabelecendo um novo patamar para o Universo Cinematográfico Marvel. Cada detalhe, desde a elasticidade fluida de Reed Richards até a rocha texturizada de Ben Grimm e as chamas dinâmicas de Johnny Storm, é construído com um primor que eleva a experiência cinematográfica a um nível de imersão raramente visto. A integração dos poderes com o ambiente é orgânica, evitando o "efeito CGI" que por vezes compromete produções de grande orçamento.

E o elenco? Simplesmente sensacional. Mesmo com Pedro Pascal sendo uma figura presente em inúmeros projetos nos últimos anos – o que poderia gerar um certo "desgaste" de imagem – a mágica acontece. Nos primeiros minutos, esquecemos o ator e enxergamos puramente o Senhor Fantástico, Reed Richards, em sua essência: um gênio brilhante, mas também um homem complexo, dividido entre a ciência e a família. É uma prova da profundidade de sua atuação e da direção acertada, que soube extrair nuances e vulnerabilidades de um personagem icônico. Vanessa Kirby como Sue Storm irradia força e inteligência, enquanto Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach trazem a energia e o coração que definem Johnny e Ben, respectivamente.

Falando em direção, Matt Shakman, conhecido por seu trabalho excepcional em "WandaVision" (minissérie da qual também foi produtor executivo), entrega um trabalho brilhante. Para alguém que, pelo que se sabe, tem "Quarteto Fantástico" como praticamente seu segundo longa-metragem (o primeiro foi "Cut Bank" em 2014), o resultado é surpreendente. "WandaVision" já havia demonstrado seu talento em construir narrativas ricas e visuais únicos, explorando gêneros e aprofundando personagens de forma inovadora. Aqui, ele aplica essa mesma maestria, focando na dinâmica familiar e na exploração científica, elementos centrais da "Primeira Família da Marvel". Sua experiência em televisão, onde o desenvolvimento de personagem é primordial, é claramente um trunfo.

Mais Narrativa, Menos Ação Desenfreada: Um Acerto Estratégico

Se você planeja assistir "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos", uma dica importante: não espere uma enxurrada de cenas de ação ininterruptas. O filme se dedica a construir a narrativa com inteligência, focando no desenvolvimento dos personagens e da história, o que para mim, é um grande acerto estratégico. Em vez de priorizar a espetacularidade vazia, Shakman opta por uma abordagem mais deliberada, permitindo que a trama respire e que os arcos dos personagens se desenvolvam organicamente.

As cenas de ação, quando ocorrem, são bem elaboradas e servem ao propósito da trama, impulsionando a narrativa e revelando mais sobre os personagens e seus poderes, em vez de serem meros interlúdios explosivos. Essa escolha resgata a essência das grandes histórias de origem dos quadrinhos, onde a descoberta e a adaptação aos poderes são tão importantes quanto os confrontos físicos. É um filme que confia na inteligência do público e na força de seus personagens.

O Duelo de Titãs: Quarteto Fantástico vs. Superman – Qual Escolher?

E a pergunta que muitos fãs de quadrinhos estão fazendo: "Quarteto Fantástico" ou "Superman"? Minha recomendação é assistir aos dois! Ambos são excelentes e oferecem experiências distintas e complementares para o gênero de super-heróis. No entanto, se a escolha for obrigatória, "Quarteto Fantástico" leva a melhor na minha opinião de fã, especialmente pela sua abordagem mais introspectiva e focada nos laços familiares.

Apesar de "Superman" ter a batuta de James Gunn, um diretor com um histórico inegável de filmes de sucesso e uma visão clara para o futuro da DC, é inegável que Matt Shakman, um "estreante" em filmes de super-heróis em grande escala, conseguiu um feito extraordinário. Depois de várias tentativas questionáveis da Fox, que muitas vezes falharam em capturar o espírito da equipe, o "Quarteto Fantástico" que conhecemos e amamos dos quadrinhos – a família de exploradores, cientistas e aventureiros – finalmente nasceu nas telonas, com a autenticidade e o respeito que merecia.

Um Início Promissor: Bilheterias e Reação do Público Reafirmam o Sucesso

As notícias do desempenho inicial do filme reforçam essa percepção positiva e a receptividade do público. "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" teve uma estreia impressionante, arrecadando US$ 24,4 milhões nas prévias de quinta-feira nas bilheterias norte-americanas. Esse valor o posiciona como a maior arrecadação de pré-estreia do ano até o momento, superando os US$ 22,5 milhões de "Superman" da DC e ficando atrás apenas de "Deadpool & Wolverine" (US$ 38,5 milhões), lançado há exatamente um ano e que se beneficiou de um marketing massivo e da expectativa de ser o primeiro filme R-rated (conteúdo adulto) do MCU.

Esse excelente resultado é uma ótima notícia para a Marvel Studios, que tem buscado uma recuperação após alguns anos desafiadores (com a notável exceção de "Deadpool & Wolverine"). A performance de "Primeiros Passos" sugere um reencontro com a fórmula de sucesso que cativou o público por anos. Além disso, essa performance contribui para que a Disney se torne o primeiro estúdio de Hollywood a ultrapassar US$ 3 bilhões em vendas globais de ingressos neste ano, um marco alcançado em 25 de julho. A Marvel, inclusive, ostenta três dos cinco filmes de maior bilheteria do ano, mesmo que os outros dois ("Capitão América: Admirável Mundo Novo" e "Thunderbolts*") tenham arrecadado significativamente menos que "Primeiros Passos", indicando uma possível reorientação do público para narrativas mais frescas ou personagens há muito aguardados.

As projeções iniciais da Disney e da Marvel apontam para uma estreia entre US$ 100 milhões e US$ 110 milhões na América do Norte e internacionalmente. No entanto, com base nas fortes vendas antecipadas de ingressos, nas críticas amplamente positivas e na recepção inicial calorosa do público, é bem possível que o filme supere essas expectativas, potencialmente mirando os US$ 130-150 milhões no fim de semana de estreia. Enquanto "Superman" abriu com US$ 125 milhões nos EUA e US$ 95 milhões no exterior duas semanas antes, o "Quarteto Fantástico" pode ter uma vantagem significativa no mercado internacional, considerando o histórico de sucesso dos filmes anteriores da franquia (produzidos pela 20th Century Fox) no exterior e o apelo global dos personagens.

Mergulhando na Essência do Quarteto: Uma Jornada aos Anos 60 e Além

Ambientado em Nova York, "Primeiros Passos" é elogiado por seu estilo que remete ao início dos anos 1960. Essa escolha de época não é meramente estética; ela infunde o filme com um senso de otimismo, descoberta e um toque de retro-futurismo que era a marca registrada das primeiras histórias do Quarteto Fantástico de Stan Lee e Jack Kirby. O design de produção, os figurinos e até a trilha sonora evocam essa era de ouro da ficção científica e da exploração espacial. Um detalhe fascinante que aprofunda essa singularidade é a ambientação do novo filme do Quarteto Fantástico em um universo específico do Multiverso Marvel, a Terra-828. Essa decisão estratégica, inserindo-os em uma realidade designada como Terra-828 dentro do vasto Multiverso Marvel, é um movimento narrativo perspicaz. Mais do que uma simples referência, essa escolha é uma homenagem profundamente simbólica a Jack Kirby, o icônico co-criador do grupo e uma figura seminal na história da Marvel Comics, cujo aniversário é celebrado em 28 de agosto (daí a designação 8/28). Isso não apenas celebra seu legado, mas também sinaliza um respeito pelas raízes dos personagens e a intenção de honrar a essência de suas criações originais. Ao situar a equipe nesta realidade alternativa, o filme não apenas proporciona um contexto narrativo distinto e a liberdade de explorar uma nova origem para os personagens sem amarras com a cronologia principal da Terra-616, mas também serve como uma solução engenhosa para explicar a ausência do Quarteto em eventos anteriores do Universo Cinematográfico Marvel. Essa abordagem garante uma introdução fresca e autônoma, permitindo que a equipe se estabeleça em seu próprio espaço dentro da complexa tapeçaria multiversal, sem a necessidade de retcons ou explicações forçadas sobre seu paradeiro anterior. O filme nos apresenta Pedro Pascal como o genial cientista Reed Richards, que lidera uma expedição espacial acompanhado de sua esposa, Sue Storm (Vanessa Kirby), seu irmão, Johnny Storm (Joseph Quinn), e seu grande amigo e piloto, Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach). Durante a jornada, seu foguete é atingido por uma tempestade cósmica, alterando seu DNA e concedendo-lhes superpoderes ao retornar à Terra.

A trama do novo filme começa após o retorno do grupo, quando eles já são reconhecidos como heróis globais. Essa decisão narrativa de pular a "história de origem" tradicional é um acerto, permitindo que o filme mergulhe diretamente nas complexidades de suas vidas como super-heróis e na dinâmica familiar que define o Quarteto. Não há tempo para descansar. Eles precisam retornar ao espaço após a chegada do Surfista Prateado (interpretado por Julia Garner, em uma escolha de elenco que surpreendeu e agradou), que surge para alertar sobre a iminente destruição do planeta por uma entidade cósmica conhecida como Galactus. A introdução desses personagens cósmicos icônicos logo no primeiro filme demonstra a ambição da Marvel em construir uma saga grandiosa, respeitando a mitologia clássica.

A Família Super-Poderosa que Nos Entende: O Coração do Filme

Em termos de bilheteria, a grande esperança é que "Quarteto Fantástico" consiga agradar tanto às famílias quanto aos fãs dedicados, o que pode ser crucial para combater a crescente "fadiga de super-heróis" nas bilheterias. Como David Rooney escreve em sua análise para o THR: "O quarteto homônimo pode ter superpoderes, mas também é uma família, lutando como a maioria de nós para lidar com as responsabilidades mais assustadoras que a vida nos impõe."

Essa frase resume bem a essência do filme e o motivo pelo qual ele ressoa tão profundamente. O "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" não é apenas um filme de super-heróis; é a história de uma família extraordinária que, apesar de seus poderes cósmicos e de suas aventuras intergalácticas, enfrenta desafios e dilemas com os quais podemos nos identificar: a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, os conflitos e o amor entre irmãos, a pressão das expectativas e a importância da união. É a redenção que essa primeira família da Marvel merecia nas telonas, entregando uma narrativa que é ao mesmo tempo épica e profundamente humana!